quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Deficiência e excesso de cobre na alimentação dos ruminantes: consequências

Robson Moura de Lima



O manejo dos ruminantes requer uma atenção muito grande em inúmeros setores, sendo o principal deles a nutrição. A alimentação de um ruminante é algo muito complexo que necessita de grandes conhecimentos sobre as funções de cada ingrediente, sua composição e o teor de cada elemento. Um coadjuvante à alimentação propriamente dita é a mineralização, utilizada com o intuito de suprir as carências que ocorram naturalmente nos grão, gramíneas e leguminosas oferecidas aos animais. Um importante elemento contido no sal mineral é o cobre, responsável por inúmeras funções no organismo desses animais, o que faz com que a sua utilização seja feita de forma racional, pois a deficiência do mesmo acarretará muitos prejuízos ao animal, bem como o seu excesso, podendo causar toxicidade, ambos podendo levar ao óbito. A adequação dos níveis de cobre deve ser feita com a pesquisa de alimentos que não possuam essa deficiência, e, ao mesmo tempo, lançar mão de sais minerais específicos para cada espécie, não sendo aconselhado o contrário.

O cobre é um elemento tanto essencial quanto tóxico ao organismo animal. A toxicidade é variável entre os ruminantes, sendo o ovino a mais sensível das espécies.

Os ovinos intoxicados por cobre podem apresentar dois quadros clínicos distintos. O primeiro caracteriza-se pela intoxicação aguda, na qual o animal apresenta uma severa gastroenterite logo após uma alta ingestão de cobre. O segundo, denominado de intoxicação crônica, é o mais comum e caracteriza-se pelo acúmulo de cobre principalmente no fígado, sem manifestações de sinais clínicos.

O acúmulo de cobre pode ocorrer em três circunstâncias: na intoxicação primária causada pela ingestão de quantidades excessivas de Cu. Na intoxicação secundária fitógena, na qual, apesar do Cu ser ingerido em quantidades normais, se produz o acúmulo do microelemento em conseqüência dos baixos níveis de molibdênio; na intoxicação secundária hepatógena, na qual o Cu, ingerido em níveis normais, se acumula no fígado em conseqüência de lesões hepáticas causadas por plantas que contém alcalóides.

A intoxicação por cobre pode ser dividida em três fases distintas: a pré-hemolítica, a hemolítica e a pós-hemolítica. Durante a fase pré-hemolítica, ocorre o acúmulo de cobre no fígado, sem aparecimento de sinais clínicos. O cobre se acumula inicialmente nos hepatócitos perivenosos e posteriormente em outras áreas do fígado. Durante o acúmulo, os hepatócitos aumentam consideravelmente seu número de lisossomos, organela na qual também se acumula o cobre. Atingindo o limiar máximo de acúmulo, ocorre morte celular difusa, promovendo a liberação expressiva de cobre e de lisozimas. O cobre livre desloca-se para a corrente circulatória, onde após entrar nas hemácias oxida a glutationa, substância responsável pela integridade destas células, culminando com a hemólise, cerca de 24 horas após. A morte pode advir das graves lesões hepáticas e renais e do grau de anemia, raramente os animais sobrevivem ao quadro clínico característico de uma crise hemolítica. Aqueles que conseguem sobreviver se recuperam lentamente, no decorrer de duas a três semanas, durante a fase pós-hemolítica.

O cobre é um micromineral essencial, mas também pode ser tóxico. Sob condições práticas, ruminantes em pastejo têm maior probabilidade de sofrerem deficiência de Cu do que excesso, porém, erros nos alimentos oferecidos pode conter uma quantidade excessiva ao animal, causando toxicidade.

O cobre é exigido para a respiração celular, formação de ossos, funcionamento cardíaco, formação do tecido conectivo (sem o Cu ocorre uma falha na maturação e ligação do colágeno com a elastina) e da mielina da medula espinhal, pigmentação de tecidos e queratinização de pêlos e lã (acromotriquia: falta de pigmentação, é a principal manifestação de deficiência e pode ser notada em pêlos e lã). Componente de várias enzimas (junto com o Fe é necessário para a síntese da hemoglobina), o Cobre é importante para a integridade do Sistema Nervoso Central (SNC), em função da atuação de enzimas que atuam na formação da mielina. Além disso está relacionado a outros dois neurotransmissores (dopamina e norepinefrina). Outras funções seriam na atividade reprodutiva, sistema imune e no metabolismo de lipídios.

O cobre exerce importantes funções no sistema nervoso central, no metabolismo ósseo, no funcionamento de vários sistemas enzimáticos, além de ser essencial para a síntese de hemoglobina. Enorme variedade de problemas e distúrbios nos animais tem sido associada a dietas deficientes em cobre. Anemia, crescimento retardado, ossos fracos, insuficiência cardíaca, diarréia e despigmentação dos pêlos e lã são alguns sintomas clínicos apresentados por animais que recebem dietas deficientes em cobre. Durante o crescimento, os bovinos apresentam maiores exigências de cobre do que os ovinos e os animais não-ruminantes. O fígado dispõe de uma reserva mobilizável de cobre. Como o leite é pobre em cobre, os bezerros em aleitamento dependem exclusivamente das reservas hepáticas obtidas por transferência da mãe, no útero. Se as vacas forem deficientes em cobre, terão bezerros com baixas reservas, o que resultará em bezerros prematuramente deficientes.

Muitas vezes, a intoxicação por cobre pode ser resultante do uso desse mineral como promotor de crescimento, principalmente para aves e suínos. O sulfato de cobre é utilizado como estimulante de crescimento, em substituição aos antibióticos, sendo excretados nas fezes. A cama de aves e o esterco de suínos, utilizados como alimento ou como adubo de pastagens, podem intoxicar os animais que deles se alimentam.

Referências bibliográficas

  • Lemos, R. A. A.; Rangel, J. M. R.; Osório, A. L. A. R.; Moraes, S. S.; Nakazato, L.; Salvador, S. C.; Martins, S.; Alterações clínicas, patológicas e laboratoriais na intoxicação crônica por cobre em ovinos: Ciência Rural, vol.27 no. 3; Santa Maria, Julho/Agosto - 1997
  • Pereira, W. A. B.; Intoxicação cúprica experimental em ovinos: aspectos clínicos e laboratoriais – Jaboticabal, 2008
  • Oliveira, D. E.; Manual técnico sobre minerais – Minerais: Funções, deficiências, toxidez e outros aspectos da suplementação, Agroceres, 2007
  • Leal, G.; Mineralização de ruminantes no Brasil, Tortuga, 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sistema Agrossilvipastoril: Uma Forma Sustentável e Alternativa de Produção

Raíssa Ivna
E-mail: raissaivna@yahoo.com.br

Os sistemas agroflorestais são sistemas de uso da terra, nos quais cultivos arbóreos são utilizados em associação com cultivos agrícolas ou pastagem, de forma simultânea ou seqüencial.
Os modelos mais comuns de sistemas agroflorestais são:

Árvores com culturas – silviagrícola
Culturas com animais – agropastoril
Árvores com animais – silvipastoril
Árvores com animais e culturas – agrossilvipastoril

Nos últimos anos tem crescido o interesse por sistemas agrossilvipastoris visando a obtenção de múltiplos produtos, de maneira produtiva e sustentável.

Manter a sustentabilidade da produção aliando a produtividade da terra é uma das características dos sistemas agrossilvipastoris que integram a criação de animais ao manejo de espécies florestais. Com isso, é importante ressaltar que o trabalho viabiliza o meio ambiente, é economicamente viável às propriedades rurais e inclusive as familiares.

O que é um sistema de produção agrossilvipastoril?

Os sistemas silvipastoris podem definidos como um sistema que combina a produção de plantas florestais com animais e pastos, simultânea ou sequencialmente no mesmo terreno. Há uma variante do sistema silvipastoril denominada de sistema agrossilvipastoril, o qual é formado por árvores e/ou arbustos, mais cultivos agrícolas, mais pastagens e animais, num esquema seqüencial.

É um tipo de produção que visa a sustentabilidade da produção, conseguindo ao mesmo tempo conservar os recursos naturais, fixar o homem no campo e aumentar com sustentabiliade e produtividade agrícola e pecuária.

Este sistema copia ao máximo a natureza, preservando árvores, mantendo reservas de floresta nas propriedades e a mata ciliar dos cursos d’água. Nele, as árvores e arbustos são associados à agricultura e pecuária numa mesma área simultaneamente.

Os sistemas agrossilvipastoris podem ser classificados de acordo com o tipo de arranjo e finalidade em: árvores dispersas na pastagem, bosquetes na pastagem, árvores em faixas nas pastagens, plantio florestal madeireiro ou de frutíferas consorciado com animais, cerca viva, banco forrageiro e quebra-vento.

Qual é a vantagem deste sistema de produção?

No sistema agrossilvipastoril tudo é otimizado. A madeira das árvores cortada pode servir de estacas, reformando cercas e currais ou até mesmo para a construção civil, aumentando assim, a renda familiar. Outra vantagem é com relação ao esterco recolhido no curral dos animais que são usados como adubo orgânico na agricultura e sem que o produtor precise desmatar a área ou realizar queimadas na vegetação.

Há também o aumento da produtividade e a fixação da atividade agrícola em um mesmo local, que não é possível no modelo tradicional, já que por causa do esgotamento do solo, a rotação entre as terras é intensa, promovendo a degradação de territórios cada vez maiores.
Desta forma, ele diminui os impactos ambientais negativos, comuns nos sistemas tradicionais de criação de animais, por favorecer a restauração ecológica de pastagens degradadas, diversificar a produção das propriedades pecuárias, gerar produtos e lucros adicionais, ajudar a reduzir a dependência externa de insumos, permitir e intensificar o uso do recurso solo e seu potencial produtivo a longo prazo, dentre outros benefícios.

Considerações finais

O desenvolvimento de sistemas agrossilvipastoris para substituir áreas de monocultivos é um desafio para todos que estão envolvidos no assunto.

Os benefícios oriundos dos sistemas agrossilvipastoris são potenciais como uma alternativa sustentável para integrar cultivos arbóreos à pecuária.

Bibliografia

COSTA, B.C.; ARRUDA, E.J.; OLIVEIRA, L.C.S. 2002. Sistemas agrossilvipastoris como alternativa sustentável para a agricultura familiar. Revista internacional de desenvolvimento local. Vol.3, n.5.

EMBRAPA CAPRINOS. 2006. Sistema agrossilvipastoril é lançado no V ciência para vida. Informativo Caprinos e Ovinos em foco. Ano 1. Nº9. Disponível em: http://www.cnpc.embrapa.br/Jornaledicao9.pdf

FERNANDES, F.E.P.; CARVALHO, G.G.P.; PIRES, A.J.V. 2006 Sistemas agrossilvpatoris e o aumento da densidade de nutrientes para bovinos em pastejo. Revista eletrônica de veterinária RED VET. v. VII, n. 11.

OLIVEIRA, C.H.R.; REIS, G.G.; REIS, M.G.F.; XAVIER, A.; STOCKS, J.J. 2008. Área foliar e biomassa de plantas intactas e de brotações de plantas jovens de clone de eucalipto em sistemas agrossilvipastoris. Revista árvore, Viçsa-MG, V.32, N.1

PORTAL EDUCAÇÃO. 2009. Sistema agrossilvipastoril traz vantagens para o produtor rural. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/biologia/noticias/38610/sistema-agrossilvipastoril-traz-vantagens-para-o-produtor-rural

sexta-feira, 9 de outubro de 2009


PROGRAMAÇÃO IV COCAPRI


PALESTRAS


03/11 – Terça


17h 30min – Entrega de Material

18h 00min – Cerimonial de Abertura

19h 30min: Mesa Redonda: Manejo Alimentar de Ovinos com ênfase no Comportamento Animal

- Aspectos nutricionais nos sistemas de produção de caprinos e ovinos.

- Manejo alimentar de ovinos com ênfase no comportamento Animal

Palestrante: Américo Garcia – UNESP Jaboticabal

19h30min: Palestra Simultânea

Utilização de forrageiras nativas na pecuária do Semi-árido

Palestrante: Prof. Dr. Alexandre Carneiro Leão de Mello


04/11 – Quarta


18h 00min: Mesa Redonda: Tratamentos não convencionais

- Plantas medicinais no controle de helmintos em caprinos e ovinos.

Palestrante: MSc. Wagner M. A. Souza

- Fungos nematófagos no controle biológico das helmintoses de ovinos e caprinos.

Palestrante: Jacson Victor - IFV

05/11 – Quinta

18h 00min: Mesa Redonda: Patologias Reprodutivas

- Principais causas de perdas reprodutivas em pequenos ruminantes.

Palestrante: Profa. Aurea Wischral - UFRPE

- Toxoplasmose em pequenos ruminantes.

Palestrante: Wagner José Nascimento

19h 00min – Palestra Simultânea:

Melhoramento Genético x Preservação das Raças Nativas

Palestrante: Profa. Dra. Rosálie de Barros


OFICINAS


03/11 – Terça


8h às 16h – Qualidade de Ovócitos e Sêmen Congelado

8h às 16h – Defumados de Caprinos e Ovinos

Ministrante: Prof. Wilson Dutra


04/11 – Quarta


8h às 16h – Atualidades em Patologia Clínica em Pequenos Ruminantes

Ministrante: Profa. Dra. Eneida Willcox Rêgo - UFRPE

8h às 16h – Andrologia Em Pequenos Ruminantes.

Ministrante: MSc. Sildivane Valcácia Silva - UFRPE


05/11 – Quinta


8h às 16h – Bem Estar em Pequenos Ruminantes

8h às 16h – Como Administrar Sua Pequena Empresa

Ministrante: Dra. Sylvana Pontual de Alencar

8h às 16h – Dia de Campo



SUBMISSÃO DE TRABALHOS


Informações Gerais


1. ORIENTAÇÕES GERAIS

- Só serão aceitos trabalhos onde pelo menos um autor esteja inscrito no IV COCAPRI.

- A cada participante será permitida inscrição de até 03 (três) trabalhos como primeiro autor.

- Será emitido certificado por trabalho aprovado e exposto, desde que pelo menos 01 (um) membro esteja com sua inscrição efetivada. No certificado constarão os nomes de todos os autores do trabalho.

A não apresentação do trabalho implicará no cancelamento da emissão do certificado.

A apresentação do trabalho será em forma de banner.

Só será permitido o cadastro de 10 autores por trabalhos.

Todos os trabalhos deverão abordar as Áreas de Pequenos Ruminantes e/ou Desenvolvimento Sustentável, Extensão, Sustentabilidade, Educação, Bem Estar Animal em Pequenos Ruminantes e Agroecologia.

Data limite para o envio dos trabalhos: 20 de outubro de 2009.

A comissão científica deverá julgar o mérito dos trabalhos, com base nos pareceres dos consultores e os autores receberão a comunicação pelo blog e site do PET VET, sobre o aceite ou recusa, até 25 de outubro de 2009.

2. NORMAS PARA SUBMISSÃO DOS TRABALHOS

Para formatação dos resumos

- O texto deverá conter o número máximo de 500 palavras, fonte “Times New Roman”, tamanho de letra 12, em espaço simples (1), parágrafo único e justificado. Para símbolos especiais usar fonte "symbol";

- O resumo deve ser submetido como um arquivo do Microsoft Word (.doc) e o seu tamanho não deverá exceder o limite máximo de dois (2) MBytes.

- O resumo deverá conter os seguintes elementos, na ordem apresentada:

· Titulo em letras maiúsculas (nomes científicos em itálico), centralizado e em negrito;

· Nome dos autores por extenso, em negrito, centralizado e sublinhado o nome do expositor;

· Afiliação institucional e endereço completo, inclusive endereço eletrônico;

· Texto, contendo breve introdução ao tema, objetivo(s), metodologia, resultados e conclusões. Não serão aceitos trabalhos sem resultados. Deve estar claro que o pesquisador realizou o trabalho e teve resultados, positivos ou negativos;

· Indicação de órgãos financiadores, bolsas, etc., no rodapé.

- Os resumos que ultrapassarem esse limite ou que forem enviados em formato diferente do solicitado serão automaticamente rejeitados.

- Para garantir que o nome seja citado de maneira uniforme deve-se padronizar nome e sobrenome em todos os resumos em que o autor ou co-autor seja citado.

- As citações de referências bibliográficas devem ser evitadas e, se utilizadas, devem seguir as normas da ABNT;

- Todas as propostas de trabalho devem ser submetidas única e exclusivamente por meio da internet para o email: iv_cocapri@hotmail.com

- Ao submeter um trabalho, o autor está automaticamente autorizando a publicação do trabalho no Caderno de Resumos (CD-ROM) do IV COCAPRI.

· O local e horário de exposição dos banner’s serão previamente determinados e divulgados no blog e site do PET VET, com a presença de pelo menos um dos autores para esclarecimentos.

3. SUGESTÕES PARA ELABORAÇÃO BANNER’S.

- Os trabalhos deverão ser montados em painéis de 1,0 m de altura por 0,90 m de largura.

- Título: deve ser o mesmo utilizado no resumo e ser escrito em letras maiúsculas que permitam sua leitura.

- Abaixo do título e em tipos menores, devem aparecer os nomes dos autores.

- Corpo de painel: deve ser auto-explicativo, de preferência com o mínimo possível de texto e o máximo de ilustrações (figuras, diagramas e/ou tabelas).

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Caprino Ecológico como Alternativa para o Fortalecimento da Agricultura Familiar


Daniela da Silva Pereira


O Nordeste do Brasil abriga cera de 67% do rebanho nacional de caprinos e ovinos, sendo então caprino-ovinocultura uma importante atividade sócio-econômica na região, tendo um rebanho diversificado que vai desde a criação de subsistência do pequeno produtor até as criações industriais com animais selecionados e altamente especializados. Consolidando-se como importante alternativa no cenário da pecuária, principalmente para o pequeno produtor, uma vez que emprega mão-de-obra familiar, utiliza produtos regionais e de baixo custo.
No intuito de fortalecer a economia do sistema familiar com base no uso sustentado dos recursos naturais, na conservação da riqueza cultural das comunidades locais e no aumento da quantidade e da qualidade de produtos agropecuários, buscou-se alternativas para promover a agregação de valores a estes produtos. Uma dessas alternativas foi criação do projeto modelo para produção orgânica de caprinos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA. O projeto original previa a implementação de um modelo de produção orgânica de caprinos no Campo Experimental da Embrapa Semi-árido.
O modelo de cabrito ecológico tem como princípios o uso tecnologias para o aproveitamento sustentável dos recursos naturais da caatinga, reserva estratégica de forrageiras tolerantes à seca e uso de fitoterápicos, de produtos homeopáticos e de métodos e práticas ecológicas no tratamento e prevenção das doenças dos animais, assim como no manejo geral do rebanho.
O manejo alimentar dos animais se dá pelo pastejo em áreas de caatinga sendo complementados, especialmente nos períodos secos. Esse complemento é realizado com forragens naturais conservadas durante o período chuvoso, concentrados e subprodutos industriais isentos ou com baixo nível de químicos e/ou grãos, tais como farelos de algaroba e babaçu, raspas de mandioca, sorgo, milho e outros, cultivados segundo métodos agroecológicos, além do oferecimento do sal mineral.
O manejo reprodutivo preconiza a utilização da estação de monta, que deve ser realizada de forma que se tenha a oferta de animais para o abate segundo a demanda da região. Em sistemas ode se tem uma produção mais tecnificada pode-se realizar três estações anuais, sendo duas programadas e uma natural, procurando coincidir com o período chuvoso, permitindo a oferta de animais em diferentes épocas do ano. Cada estação programada tem a duração média de 60 dias e a natural de 90 dias.
O sistema preconiza vacinações contra clostridioses, controle de ecto e endoparasitoses, com o uso mínimo de vermífugos convencionais combinado a métodos não agressivos ao ambiente como a homeopatia, a fitoterapia e o descanso dos pastos. Outras medidas incluem a desinfecção periódica das instalações, quarentenário, pedilúvios, esterqueira, tratamento de umbigo, exames periódicos de artrite encefalite caprina (CAE) e medidas preventivas de controle da linfadenite caseosa.
A implantação do sistema do cabrito ecológico visa então melhoria da eficiência bio-econômica e da sustentabilidade das suas unidades produtivas, promovendo a elevação dos níveis de produtividade animal, reduzindo os custos de produção e a adequação dos sistemas de produção às condicionantes naturais da região. Visando o atendimento às demandas sociais, via promoção do desenvolvimento, preservando a paisagem rural e valorizando a cultura e o saber-fazer como instrumentos de reafirmação da identidade local. O que vem de certa forma fortalecer a agricultura familiar, devido a pouca utilização de insumos modernos e a potencialização do uso sustentável da caatinga agregando, baixos custos, valor ao produto.

Referências Bibliográficas

F. C. G.; M. J. N.; Nogueira, D. M Uma proposta para produção de um cabrito ecológico da caatinga com certificação de denominação de origem: o cabrito do Vale do São Francisco. Disponível em: http://www.capritec.com.br/pdf/cabritodovaledosaofrancisco.pdf. Acesso em: 12 de setembro de 2008.

J. E. V. H. Cabrito ecológico da caatinga: um projeto em movimento. Agriculturas,v. 2,n. 4, dezembro de 2005.

sábado, 12 de setembro de 2009

CERTIFICADOS PRONTOS

Informamos que os certificados relacionados abaixo encontram-se prontos. Os participantes devem se dirigir à PRAE para pegá-los.
CERTIFICADOS:
OFICINA: "Secagem, preparo e manipulação de plantas medicinais."
PET VET discute: "Teste imunoenzimático (ELISA) e reações em cadeia da polimerase (PCR) aplicados à Medicina Veterinária."
OFICINA: "Reconhecimento de plantas medicinais no Campus da UFRPE."

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

III CICLO DE PALESTRAS- DE 15 A 17 DE SETEMBRO DE 2009.

III CICLO DE PALESTRAS

O III Ciclo de Palestras é um evento promovido anualmente pelo PETVET em comemoração à semana do Médico Veterinário. O tema deste ano é o Bem-Estar animal.
O evento traz palestras e mesas-redondas interessantes para atualização de estudantes e profissionais.


Programação

15 set 2009 às18h
Mesa redonda:
Enriquecimento Ambiental
- Enriquecimento ambiental de cães e gatos – MSc. Andréia Laís Teodoro Da Cunha
- Enriquecimento ambiental de animais silvestres – MV. Daniel Barreto de Siqueira
16 set 2009 às 18h
Mesa Redonda:
Interação Homem/Animal
- Equoterapia (CEPOM/PE) - Capitão Alexandre Arruda
- Utilização de Cães Farejadores – Ana Paula Oliveira
17 set 2009 às 18h
Palestras:
- Bem estar dos animais de vaquejada – MSc. Erika Korinfsky Wanderley- Bem estar de Pequenos Animais – Profa. Dra. Roseana Tereza Diniz de Moura
Data: 15,16 e 17 de Setembro de 2009.
Local: Auditório Luiz Melo de Amorim – DMV
Horário: 18h
Inscrições: PETVET
Graduação: 2kg de alimentos não perecíveis*.
Profissional: 4kg de alimentos não perecíveis*.
*Os alimentos serão doados para o Natal Solidário promovido pela UFRPE e a cada 2kg valerá uma senha para concorrer um Notebook.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Reprodução em Pequenos Animais



Será realizada no dia 16 de Setembro de 2009 a Ofina sobre Reprodução em Pequenos Animais.
A mesma será ministrada pela Professora Doutora Erica Cristina Santos Oliveira. As incrições podem ser feitas a partir do dia 08 de setembro na sala do PET Veterinária com a doação de 2Kg de Alimentos não perecéveis para a Campanha do Natal Solidário.
As vagas são limitadas.

Programação:
8:00h às 12:00 - Aula Teórica
Local: Auditório Luiz Melo de Amorim

14:00h às 18:00 - Aula Prática (Coleta de Semen e Inseminação Artificial em Cadela)
Local: Laboratório de Reprodução - Androlab

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Linfadenite caseosa - "mal do caroço"

Felipe Rosendo Correia
felipe_rosendo@hotmail.com


A linfadenite caseosa é uma doença infecto-contagiosa crônica, também conhecida como “mal do caroço’. Acomete caprinos e ovinos e caracteriza-se, geralmente, pela hipertrofia dos gânglios linfáticos com lesões purulentas e caseosas localizadas nas diversas regiões do corpo do animal.No Brasil é endêmica em alguns estados, aparecendo com maior freqüência em rebanhos desanados.
O agente causador é o Corynebacterium pseudotuberculosis, que é uma bactéria gram-positiva e resiste a dessecação durante meses, permanecendo viva na carne, fezes, exsudato purulento e solo . Ao penetrar no hospedeiro a C. pseudotuberculosis multiplica-se localmente no tecido subcutâneo, induzindo a formação de microabscessos, sendo em seguida carreado pela corrente linfática aferente aos linfonodos regionais onde os abscessos característicos são formados.
A doença é encontrada em alguns rebanhos com um bom manejo sanitário de 7 a 18% dos animais, porem rebanhos sem manejo sanitário pode atingir 70% do rebanho. A enfermidade é de fácil transmissão, bastando introduzir animais infectados no rebanho sadio.
O conteúdo dos abscessos é rico em C. pseudotuberculosis podendo infectar diretamente outros animais ou ainda contaminar a água, o solo e os alimentos, expondo, indiretamente, outros animais. Embora este microrganismo seja capaz de prolongada sobrevivência em solo rico e úmido (oito meses) e em matéria orgânica, não há evidências de que ele possa se multiplicar no solo.
Os principais sinais clínicos são o aumento dos linfonodos palpáveis (maxilares, escapulares, crurais, mamários e poplíeos) que constituem, geralmente, os sítios primários da infecção, enquanto que na fase tardia da doença poderá ocorrer a formação de abscessos nos linfonodos viscerais particularmente os mediastinais, bronquiais e sublombares. Há formação de abscessos cutâneos, subcutâneos e nos linfonodos.
As fontes de infecções para outros animais são o pus dos linfonodos(gânglios) infectados e também as secreções nasais e orais de animais com abscessos internos, principalmente nos linfonodos medistinicos. A transmissão pode ocorrer por ferimentos ne pele ou mesmo em pele integra e por contato com materiais contaminados como: agulhas; tatuadores;brincadores.O diagnostico é feito pelos sinais clínicos e confirmado por cultivo e citologia.
O primeiro grupo de cientistas a desenvolver uma vacina contra a C. pseudotuberculosis foi do Dr. Quevedo, na Argentina nos anos 60. Eles utilizaram uma cultura da C. pseudotuberculosis formalizada em adjuvante de alumínio, desta forma, alcançaram uma redução de 60% da infecção. Hoje no mercado a vacina mais utilizada é a “linfovac” , fabricada pela Venconfarma e composta por ”Suspensão de Corynebacterium pseudotuberculosis viva, atenuada, liofilizada, contendo no mínimo 5 e no máximo 60 bilhões de bactérias viáveis, por dose de 1 mL.
O tratamento do animal não é recomendado, devido a baixa eficácia e o alto custo, o uso de antibióticos não é recomendável, devido à impossibilidade deste penetrar na cápsula dos abscessos, sendo ideal o animal ser descartado, portanto faz-se necessário o uso de medidas profiláticas para tentar conter essa doença.
O controle inclui manejo sanitário nas instalações e equipamentos, a inspeção periódica do rebanho, descarte dos animais afetados, drenagem dos linfonodos com a incisão cirúrgica dos abscessos periféricos antes que estes se rompam espontaneamente, pois o exsudato constitui foco ativo de infecção, vacinação e respeitar a quarentena de animais adquiridos.
No atualmente Brasil a linfadenite caseosa está se alastrando por todas as regiões, tornando-se uma das principais enfermidades no rebanho de caprinos e ovinos. É importante que informações básicas cheguem ao produtor, que muitas vezes convive com a patologia no rebanho, mas por não conhece não resolve o problema e contribui para a disseminação da linfadenite caseosa.

Referências
• Livro
Silva Sobrinho, Américo Garcia
Criação de ovinos – 2. ed. Ver. E Ampl / Américo Garcia Silva Sobrinho. – Jaboticabal : Funep, 2001 302 p : il. : 21cm.
• Jornal
MENDES, Luis Claudio Nogueira. Controle da linfadenite caseosa (mal do caroço). O ovelheiro, São Paulo, ano 17, n. 100, p. 14-15, maio/jun. 2009.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Bem-estar em animais de produção: Um conceito aplicável?

Raíssa Ivna

raissaivna@yahoo.com.br


Hoje mais do que nunca o assunto – bem-estar animal (BEA) - é pautado em congressos, encontros e principalmente entre os profissionais da área de ciências agrárias. Essa grande demanda de informações a respeito do BEA parte principalmente de países desenvolvidos, onde exigências mínimas de BEA são feitas na produção de animais. Essas exigências são muito bem regulamentadas e, portanto os produtos e derivados animais exportados por esses países, devem seguir corretamente estes conceitos de BEA. Mas afinal, o que será BEA? Como podemos adotar suas práticas em um rebanho.

A melhor definição de bem-estar animal foi feita pelo FARM ANIMAL WELFARE COUNCIL (FAWC) da Inglaterra, onde aos animais são inerentes cincos liberdades. O animal deve estar livre de fome e sede; Deve ter liberdade ambiental, com um local adaptado ao animal em questão; Deve estar livre de doenças; Livre para exprimir seu comportamento normal e Livre de medo e ansiedade.

Abaixo, são enumeradas as principais medidas de manejo que contribuem para o BEA do rebanho:

1- Eliminar as condutas agressivas, como gritos, uso de cães agressivos, procurando sempre o trabalho silencioso;

2- Fazer a separação dos animais em lotes e categorias;

3- Não movimentar mais animais do que o necessário;

4 - Desmamar em duas etapas: não separar por completo no primeiro momento a matriz do filhote;

5 - Não fazer os animais esperarem mais do que o necessário e nem encerrá-los por nada: a mangueira é somente um local de passagem e não para os animais ficarem encerrados durante horas;

6 - Nunca manejar o animal isoladamente;

7 - Habituar o animal à presença humana;

8 - Selecionar e capacitar os peões: são estas pessoas que trabalham diretamente com o patrimônio dos produtores;

9 - Revisar, manter e melhorar as instalações;

10 - Cuidar e eleger os motoristas para o transporte do animal e carregar o caminhão com o número adequado de animais para o seu espaço;

11 - Monitorar o frigorífico: o produtor deve acompanhar o abate dos seus animais;

12 - Não se descuidar do bem-estar dos animais, pois esta prática não é só mais um requisito para cumprir por obrigação externa e, sim, uma prática integral e permanente do gerenciamento moderno.

Desta forma, as práticas de bem-estar devem ser valorizadas pelos produtores, ainda que para adotar suas práticas, seja necessário desacelerar ou modificar os sistemas produtivos.

Ao adotar conceitos de BEA no rebanho, os valores agregados aos seus produtos derivados, são imensamente maiores do que aquele que não o adota. Estes conceitos além de tudo aumentam a produtividade dos animais e reduzem gastos com doenças. O médico veterinário que valoriza o BEA é um profissional bem valorizado e que contribui para a seriedade e reconhecimento de sua carreira profissional.


Referências

- CARVALHO, C.F. Bem-estar Animal. 2009. Disponível em:

http://www.cibelefcarvalho.vet.br/bem_estar_animal.htm. Acesso em: 10/07/2009

- MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: Aspectos econômicos – Revisão. Archives of veterinary science. 2005. Paraná.V.10, n.1,p.1-11.

- MOLENTO, C.F.M.; BOND, G.B. Produção e bem-estar animal. Ciência Veterinária Trópica. 2008. Recife-PE, v. 11, suplemento 1, p. 36-42.

- OLIVEIRA, C.B.O.; BORTOLLI, E.C.; BARCELLOS, J.O.J. Diferenciação por qualidade de carne bovina: a ótica do bem estar animal – revisão bibliográfica. Ciência rural. 2008. Santa Maria, V.38,n.7,p.2092-2096.

- SILVA, I.J.O.; PANDORFI, H>; PIEDADE, S.M.S. Influência do sistema de alojamento no comportamento e bem-estar de matrizes suínas em gestação. Revista Brasileira zootécnica, julho 2008. Viçosa vol.37 no.7